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ARTIGO

Protestos, pra que te quero?

VALLMIR MORAES

O primeiro pensamento que me vem à cabeça quando vejo milhares de pessoas marchando em prol de um objetivo comum em uma capital brasileira qualquer é de que não estamos no Brasil. Afinal, o brasileiro, sempre ordeiro e pacato – pelo visto não mais – costuma deixa para amanhã o que se deve fazer hoje.
 
Está claro que a insatisfação do cidadão vai muito além dos 20 centavos que originaram toda essa comoção popular, mas qual exatamente? Está difícil até para quem está ali entender direito o porquê de tantos estarem ali. E ouvindo, vendo e analisando mais de perto alguns acontecimentos fico com a impressão de que a maioria dos brasileiros continuam brasileiros, ou seja, estão ali pela “festa”, pelo simples ir na “onda democrática” que arrebatou e fez despertar a consciência de milhares de paulistanos, cariocas, gaúchos...
 
Durante todos os dias de protestos que se seguiram em várias cidades uma coisa me chamou a atenção: a necessidade da violência.
 
O que mais se ouviu e se viu em cartazes empunhados por estudantes, profissionais liberais, donas de casa e demais participantes era a frase “Não a violência”. Ora, a história nos mostra que toda mudança precisa de um mínimo de violência para se concretizar. 
 
Especulou-se que os ataques ocorridos contra a prefeitura de São Paulo e a Assembleia Legislativa teriam sido orquestrados pela Direita a fim de tumultuar futuras negociações e desestabilizar o governo petista – evidente que o “ativista” de primeira viagem sequer percebeu os cordões políticos sendo mexidos nos bastidores – e até a possibilidade de policiais militares infiltrados em meio aos manifestantes terem comandado tais ataques. A quem interessaria esse tipo de atitude? O que ganhariam com isso? São perguntas que precisam ser analisadas a fundo e com muita cautela.
 
O vandalismo não é aceitável. E a Tropa de Choque da Polícia Militar é colocada nas ruas para defender o patrimônio público e privado. Então, olhando por esse prisma, o “cidadão” que vandaliza não pode se queixar da truculência policial. E a polícia não pode dizer que preferia uma passeata pacífica, pois, passividade, música e o simples entoar do Hino Nacional não fazem com que governos mudem de ideia e voltem atrás em decisões tomadas.
 
A verdade é que tudo isso parece um grande engodo. O fato de cada brasileiro ter o direito de protestar é legítimo e se deve lançar mão dele quando necessário. Porém, não temos o hábito de fazê-lo e quando tentamos vamos às ruas sem muita ordenação e objetividade. Protestos generalizados são muito mais fáceis de serem rechaçado pela oratória de mandatários hábeis em retórica politiqueira.
 
E, vendo o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, vir a público declarar que sim, cedeu a pressão popular e baixará o valor da tarifa de ônibus, mas, que isso obrigará o poder público paulistano a arcar com a “diferença” no valor da passagem, já que as empresas não poderão absorver esse prejuízo, e que para tanto, haverá mudanças nos investimentos previstos, tive a certeza de que continuo sendo brasileiro. Aquele com nariz de palhaço, cara de palhaço, pinta de palhaço...
 
Se os protestos eram contra o aumento da tarifa, tudo bem, o preço baixou. Vencemos! Mas, e a saúde? A educação? Bom, como foi declarado em frente às câmeras de televisão em rede nacional para todo o país, terão cortes nos investimentos e, sem dúvida, irão de mal a pior. 
 
Os políticos desse país mudaram. Poucos, raríssimos, estão a serviço do povo. Quase a totalidade deles estão a serviço de grupos e de interesses próprios. Pouco se ganhará com o protesto de multidões – algo em torno de R$ 0,20 – se realmente não houver pressão onde se deve: no centro do Poder. 
 
Vereadores, deputados estaduais, federais e senadores devem ter em suas janelas, diuturnamente, a sombra do cidadão de cartaz em punho, cobrando, exigindo e mostrando aos nossos representantes que esses dias de passeatas e “quebra-quebra” serviram para que fosse despertado em nós, brasileiros, um sentimento muito maior do que apenas a disposição de ir às ruas. 
 
Despertou o civismo, o orgulho em de brasileiro e o amor a pátria mãe. Como disse um protestante sexagenário, “o brasileiro já não dorme em berço esplêndido”. 
 
Só resta saber por quanto tempo ainda o gigante permanecerá acordado.

(*) É jornalista e publicitário
exito Neex Brasil - Criação e Desenvolvimento de Sites
55 (67)3331 0553

"Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é publicidade."
George Orwell