em matéria
em em vídeo
em convidado
Últimas Notícias
Convidados
Fale conosco Expedinte/Termos de uso [email protected] Whatsapp 55 67 3331 0553 © Copyright 2017. Todos os direitos reservados à
MULTIPLIX - Planejamento, Mercado e Tecnologia

ECONOMIA

ECONOMIA - Sexta, 26/03/2021

NFT: registro de coleções digitais que já valem milhões de dólares

Sistema opera como selo único para identificar e vender objetos físicos ou virtuais. Tecnologia cria novo mercado milionário de arte, como no caso de obra digital leiloada por R$ 389 milhões

Divulgação

Mosaico de obras leiloadas pelo artista Beeple

Cryptopunks, primeira série de arte digital vendida através de NFTs. Hoje, já são mais de 10 mil personagens cuja venda já movimentou mais de US$ 90 milhões (Foto: Divulgação)

Se já era difícil entender as obras de arte contemporânea, agora o público pode coçar a cabeça também ao contemplar uma nova forma de negociar estes trabalhos.

Quem acompanha o mercado da cultura toma um susto por dia com os preços milionários de obras digitais. O combustível deste comércio turbinado tem três letras: NFT – "non fungible token" em inglês, ou token não fungível. É uma espécie de selo de autenticidade digital.

O selo pode ser usado para itens físicos ou digitais (vídeos, fotos, gifs, códigos, áudios...). Com isso, colecionadores pagaram:

  • US$ 69 milhões (R$ 382 milhões) por imagens do artista Beeple;
  • US$ 2 milhões (R$ 11 milhões) por edições especiais do novo disco da banda Kings of Leon;
  • US$ 208 mil (R$ 1,1 milhão) por um vídeo de uma jogada de LeBron James, entre outros.

Calma. O preço pode ser inacessível, mas a tecnologia, no fim das contas, é compreensível. Entenda a novidade em perguntas e respostas:

O que é NFT?
A palavra-chave dos tais "tokens não-fungíveis" é justo essa que a gente não entende. Está lá no dicionário: fungível é uma coisa que pode ser substituída por outra da mesma espécie. Portanto, o "não fungível" é único. NFT é um selo digital associado a um item que garante a sua autenticidade.

Por exemplo: em 2017, os artistas Matt Hall e John Watkinson criaram uma série de ilustrações de personagens chamados CryptoPunks. Cada imagem é associada a um NFT, que eles registram e colocam à venda. O comprador se torna o único dono da imagem.

Antes de detalhar a tecnologia, o primeiro passo é entender o motivo de alguém querer ser dono de uma obra digital. Afinal, outras pessoas ainda podem baixar pela internet e copiar o arquivo infinitamente.
O segredo é comparar a colecionadores de obras de arte. Qualquer pessoa pode baixar para o seu computador ou celular uma imagem de "Guernica", de Picasso, ou a "Mona Lisa", de Da Vinci. Mas só uma pessoa pode ter o status e o prazer de ser a dona do quadro.

O NFT leva essa escassez - possibilidade única de propriedade - para a obra digital. Assim, cada um dos mais de 10 mil CryptoPunks, primeira série de obras que usou a tecnologia, vale hoje em média US$ 30 mil (R$ 167 milhões), e suas vendas já movimentaram US$ 90 milhões (R$ 501 milhões).

Compreendida a tara psicológica de colecionadores digitais que se jogam no NFT, é hora de voltar ao mecanismo tecnológico. O registro e a venda de NFTs usa blockchain...

E o que é blockchain?
Essa o G1 já explicou. Blockchain é uma espécie de grande “livro contábil” digital que computa vários tipos de transações e tem registros espalhados por vários computadores. No caso das moedas criptografadas, como o bitcoin, esse livro registra o envio e recebimento de valores.

Para facilitar, pode-se fazer a seguinte analogia: as "páginas" desse "livro contábil" estão armazenadas em várias "bibliotecas" espalhadas pelo mundo; por isso, apagar o conhecimento presente nele é uma árdua tarefa.

Este sistema é formado por uma “cadeia de blocos”. Um conjunto de transações é colocado dentro de cada um desses blocos, que são trancados por uma forte camada de criptografia. Por outro lado, a blockchain é pública, ou seja, qualquer pessoa pode conferir as movimentações registradas nela.

Todas as transações que acontecem na blockchain são reunidas em blocos. Cada bloco é ligado ao anterior por um elo, um código chamado "hash". Juntos, eles formam uma "corrente de blocos", ou "blockchain". Os responsáveis por montar a "blockchain", no caso das criptomoedas, são os chamados mineradores.

Ou seja: a blockchain é perfeita para registrar esses tokens únicos que são associados a itens físicos ou digitais e depois comercializados, os NFTs. Aliás, a maior parte das negociações usa criptomoedas, como o bitcoin - mas dá para comprar e vender NFTs com moedas tradicionais também.

Kings of Leon (Foto: Divulgação)

Quais são os principais negócios com NFTs até agora?
Todo dia um negócio maluco e milionário com NFT aparece no mundo da arte. Veja alguns dos mais comentados recentemente:

  • A banda americana Kings of Leon, que já passou do seu auge artístico e comercial, conseguiu renovar sua imagem e sua conta bancária graças ao NFT. Eles lançaram versões "VIP" do novo álbum "When you see yourself", que incluem, além das músicas, entradas vitalícias em shows e artes exclusivas. Até agora, arrecadaram US$ 2 milhões (R$ 11 milhões).
  • A cantora Grimes, mulher do empresário Elon Musk, fez no início de fevereiro um leilão com dez obras de arte digitais, e arrecadou cerca de US$ 6 milhões (R$ 33 milhões).
  • A tradicional casa de leilões Christie's realizou uma venda por US$ 69 milhões (R$ 382 milhões) de uma obra de Mike Winkelmann, conhecido como Beeple. É uma colagem de 5 mil imagens digitais que ele criou diariamente desde 2007.
  • O CEO do Twitter, Jack Dorsey, registrou seu primeiro tuíte em NFT e vendeu a posse por US$ 2,5 milhões (R$ 13,9 milhões) em um leilão de caridade.
  • A plataforma Top Shot vende trechos de vídeos de jogos de basquete, chamados "momentos", como um trecho de dez segundos de uma jogada de LeBron James por US$ 208 mil (R$ 1,1 milhão).
  • No início de março, uma empresa de tecnologia queimou um painel de Banksy e vendeu o vídeo que mostra a obra queimando em NFT por US$ 380 mil (R$ 2,1 milhões).

Uma das dez obras que Grimes vendeu em NFT (Foto: Divulgação)

Quais são os dois lados da moeda no NFT?
Entusiastas do NFT apontam a chance de artistas furarem a fila de intermediários de olho em fatias dos seus lucros. Por exemplo, músicos que dominam o sistema podem driblar gravadoras, distribuidoras, revendedores de ingressos...

Em vez dos milésimos de centavos que eles ganham a cada play em suas obras em streaming, eles podem vender material exclusivo ou limitado direto para os fãs, como Kings of Leon e Grimes.

Já os céticos dessa tecnologia citam a incrível quantidade de energia elétrica que é gasta para fazer as transações com blockchain.
Só os bitcoins consomem anualmente mais energia do que toda a Argentina, apontou um levantamento da Universidade de Cambridge, no Reino Unido. O NFT tambem exige um alto gasto de energia com os muitos cálculos feitos em computadores para verificar as transações.

Por que o Bitcoin consome tanta energia?
Além disso, há o risco de, empolgado pela novidade, o entusiasta do NFT acabe entrando em uma bolha financeira, um investimento não recomendado e com "riscos imponderáveis", como alertam os céticos dos bitcoins.


Com informações do G1
exito Neex Brasil - Criação e Desenvolvimento de Sites
55 (67)3331 0553

"Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é publicidade."
George Orwell