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ARTIGO

A Saúde Pública "continua" na UTI

VALLMIR MORAES

São cinco horas da manhã quando uma senhora de 69 anos sai de casa na esperança de marcar um exame pelo SUS — Sistema Único de Saúde. Duas quadras de sua residência um declive de uma calçada acontece um acidente. Levada ao posto de saúde, a médica que, sequer examinou a paciente, faz o encaminhamento para o CEM — Centro de Especialidades Médicas. São 7h30 da manhã quando a idosa chega para ser radiografada. Às 8h30 é atendida pelo segundo médico que pede o exame para constatar a fratura. Cinquenta minutos depois, já com o exame em mãos, volta para ser diagnosticada. Com o pé quebrado é encaminhada para a sala de gesso. E aí começa o maior absurdo desta história absurda. Devidamente engessada a senhora não pode se locomover por também ter o joelho da perna direita enfaixado. 
 
Começa uma peregrinação que durou hora e meia a procura de uma cadeira de rodas que pudesse transportar a idosa até o veículo que a esperava. No CEM havia apenas três cadeiras de rodas para atender dezenas, se não centenas de enfermos. Além desse empecilho de locomoção, à época, os pacientes tinham que conviver com um prédio em reforma, com fiação elétrica à mostra, alas alagadas e o barulho ensurdecedor de maquinário pesado. Indagado pela senhora, o médico que a atendeu resumiu a situação em que vive o cidadão que não pode arcar com um plano de saúde: "Isso que a senhora vê, portas amarradas com faixas, forros caídos, alagamentos, é o reflexo da saúde pública no estado. Ainda bem que no Brasil não há terremotos", ironizou.
 
Quase três anos depois o caos na saúde pública está longe de terminar. No CEM a reforma terminou, hoje, a edificação oferece o mínimo de conforto àqueles que amanhecem em suas portas a espera de atendimento médico especializado. O empurra-empurra dos postos de saúde — onde nunca se consegue vaga para coisa alguma —, a peregrinação à procura de especialistas parece não ter fim para os menos afortunados que não conseguem arcar com os preços praticados pelas clínicas particulares e planos de saúde impagáveis.
 
Para o cidadão que honra seus compromissos, é tarifado sobremaneira que mal sobra para a dignidade da família, ficar doente no Brasil, e particularmente em Campo Grande é uma aventura desagradável e por vezes fatal. Imaginemos um acidentado em uma das muitas vias mal sinalizadas da nossa capital. O Corpo de Bombeiros ou o Samu chega para fazer o atendimento e o resgate da vítima. É sabido que em cada uma das poucas unidades de resgate há um médico ou enfermeiro pronto para prestar os primeiros socorros. 
 
Feito o atendimento e constatado a gravidade da situação — hipoteticamente falando — a ambulância, obrigatoriamente, se dirige a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) mais próxima para que um médico de plantão faça o mesmo diagnóstico que o médico/enfermeiro do resgate havia feito anteriormente. Minutos preciosos são perdidos nesse trajeto. Só depois disso o acidentado é encaminhado para a Santa Casa que, mesmo com todas as dificuldades conhecidas, ainda é o maior e mais bem preparado hospital de urgência do estado, ou outro hospital que tomará as providências necessárias para salvaguardar a vida do cidadão. Isto, claro, se o desafortunado não terminar em uma maca nos corredores dos hospitais superlotados a espera de um leito em uma enfermaria também abarrotada.
 
Médicos, o governador e o prefeito anterior, pouco fizeram para resolver ou mesmo amenizar os problemas enfrentados diariamente por quem necessita de auxílio clínico. Com a posse do novo prefeito e a mudança de postura apregoada, uma nova fagulha de esperança se ascende e alenta aqueles que buscam no poder público melhora para seus males. Mas até então o que se vê é a continuidade de um modelo arcaico e falido que penaliza o povo sofrido e angustiado com o descaso dos mandatários em nosso município.

(*) É jornalista e publicitário
exito Neex Brasil - Criação e Desenvolvimento de Sites
55 (67)3331 0553

"Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é publicidade."
George Orwell