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ARTIGO

Os valores dos meus pais e avós em pleno século XXI

VALLMIR MORAES

Posso dizer, com algumas ressalvas, evidentemente, que sou um homem bem resolvido comigo mesmo. Consigo conviver sem traumas com meus erros e frustrações, com minhas vitórias e derrotas. Tenho 42 anos, e agora começo uma nova fase da minha vida. 
 
Convivi pouco com meu avô paterno, sempre introspectivo, ele pouco falava comigo e do que mais me lembro são seus cachorros, “Caxinha” e “Caxote”,  para os quais, sem dúvida, dedicava mais tempo e atenção. Meu avô materno sempre foi mais próximo, acolhia com carinho os netos e até pouco antes da sua morte, aos 92 anos, cuidava de um deles com todo esmero.
 
O que esses homens têm em comum, além do fato de serem meus avós? Valores.
Esses homens, semianalfabetos, conseguiram algo que nos dias de hoje parece cada vez mais difícil: educar os filhos e transformá-los em pessoas integras, conscientes de suas responsabilidades para com a família e a sociedade. E seus filhos, meus pais, que também tiveram pouco estudo e muito trabalho desde a infância, ora carregando trouxas e mais trouxas de roupas para serem lavadas por minhas avós, ora na lida da roça, com a enxadas como brinquedos, conseguiram, com muito esforço, educar e transmitir valores aos seus filhos. Eu e minha irmã.
 
Hoje, olhando ao redor, sinto um certo nervosismo, confesso. Meu filho tem três anos e o vejo crescer numa velocidade assustadora. Aquele garotinho que há alguns dias dormia todo embrulhado e protegido em meus braços, hoje corre pela casa desarrumando tudo, mexendo em tudo, numa ânsia voraz de aprendizado.
 
Como a maioria dos pais modernos, temos que deixar nosso rebento aos cuidados de babás e professores para podermos satisfazer todas as nossas – dele, inclusive – necessidades. Para termos uma vida confortável, porém sem luxo algum, precisamos sacrificar a convivência com nosso pequeno prodígio. E a cada dia ele cresce, aprende coisas novas e nós, apenas contemplamos embasbacados todas as novidades, em um misto de orgulho, surpresa e medo.
 
E é nesse momento que começo a fazer o resgate do que me foi ensinado e do que pretendo ensinar a ele. Será que aqueles valores que me foram transmitidos ao longo da vida ainda são válidos para os dias de hoje? Será que o Estado com sua política de tolerância zero ao emprego infantil e as palmadas podem dizer como devo educar meu filho? O mesmo Estado que condena crianças e jovens a ignorância não se preocupando com a qualidade da educação nas escolas públicas. Crianças e jovens que mal conseguem somar e subtrair e desconhecem por completo a língua pátria, inventando dialetos e gírias para se comunicarem por pura ausência e comprometimento dos poderes constituídos?
 
Quando vejo “profissionais” em programas de televisão dizendo que não se deve dar uma palmada no filho sob o risco de transformá-lo um "psicopata" ou de ter que responder um processo na Vara de Família, sinto que algo está errado. Programas televisivos mostrando cenas de erotismo explícito e violência desnecessária, onde a única lei a ser respeitada é a vitória e o sucesso a qualquer custo, me causam certa apreensão.
 
Como explicar para uma criança que está com seu caráter em formação, que aquele personagem que agride a própria mãe com palavras de baixo calão e até fisicamente, que aquela avó que cafetina a própria neta, que homens de negócios que se valem de métodos espúrios para atingir seus objetivos, que tudo isso não passa de ficção. Uma ficção cada vez mais próxima da realidade, é verdade. 
 
Como convencer essa criança que ela deve compartilhar seu brinquedo com o coleguinha, que dizer palavrões é feio, que obedecer aos pais é o certo a fazer, se a mídia e o meio, de um modo geral, diz o contrário?
 
Uma coisa é fato: amor, carinho, compreensão e paciência são elementos fundamentais na formação e educação de todo ser humano. Mas trabalho, responsabilidade e comprometimento são valores que, como diria meus avós, "trazemos do berço" e valem para a vida inteira.

(*) É jornalista e publicitário
exito Neex Brasil - Criação e Desenvolvimento de Sites
55 (67)3331 0553

"Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é publicidade."
George Orwell