Apesar do exuberante desempenho que o Brasil vem apresentando na produção de grãos, que supre não somente o abastecimento interno, como faz do país um dos maiores exportadores do mundo, os produtores vêm enfrentando dificuldades no escoamento dos produtos do campo. A licitação de um dos principais corredores de exportação de grãos do país, a BR-163, traz à tona a discussão sobre os esforços logísticos empenhados pelo Governo Federal no intuito de solucionar tal questão.
A perspectiva logística do agronegócio brasileiro realça uma inversão de rotas aos portos exportadores, com maior ênfase para os terminais portuários das regiões Norte e Nordeste, criando um novo corredor de escoamento da safra agrícola e trazendo maior viabilidade econômica aos produtores dessas regiões, explica o representante do Departamento de Infraestrutura e Logística do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Carlos Alberto Batista. Essa reviravolta só se faz possível com vultosos investimentos em obras na malha rodoviária, ferroviária e hidroviária da metade norte do país, esclarece Batista.
Em 30 anos de contrato, serão investidos R$ 4,6 bilhões na rodovia BR-163/MT, cujo trecho entre Sinop e Itiquira no Mato Grosso foi concedido à Odebrecht na última quarta-feira (27). Pelo trecho concedido, são escoadas atualmente mais de 10 milhões de toneladas de grãos por ano, segundo dados do Mapa. A BR-163/MT é uma das principais vias de escoamento da região Centro-Oeste.
A duplicação de 453,6 quilômetros da BR-163 aliviará o atual movimento de cargas em direção ao porto de Santos (SP) e Paranaguá (PR). No sentido norte da rodovia, os caminhões poderão trafegar até o Pará, em direção ao sistema portuário Miritituba/Santarém, que está sendo preparado para se tornar novo polo de exportação brasileira. A partir de Sinop no Mato Grosso, limite norte da concessão da BR-163/MT, até Guarantã do Norte (MT), a rodovia já está implantada. De Guarantã do Norte (MT) até o porto de Santarém (PA), as obras de implementação já foram iniciadas pelo DNIT e devem ser concluídas em dezembro de 2015.
No sentido sul, a BR-163/MS também será concedida, pelo Programa de Investimento em Logística, desde a divisa de Mato Grosso com o Mato Grosso do Sul até os limites com o estado do Paraná, informou o Ministério dos Transportes.
O Ministério da Agricultura, por meio da Câmara Temática de Infraestrutura e Logística do Agronegócio, busca levantar as necessidades do agronegócio com relação à movimentação e escoamento de safra, tanto para o abastecimento interno como para a exportação. O gargalo no escoamento da produção agrícola faz parte da pauta permanente da Câmara, composta por 65 instituições públicas e privadas e coordenada pelo Departamento de Infraestrutura e Logística da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do Mapa (Diel/SDC/Mapa), que busca despachar os encaminhamentos da instância aos órgãos que elaboram as políticas específicas sobre o tema.
A preocupação com a situação do escoamento da safra no próximo ano também tem sido pauta de ministros. Na quinta-feira, dia 28 de novembro, os ministros da Agricultura, Antônio Andrade, da Secretaria de Portos, Antonio Henrique Silveira, e dos Transportes, César Borges, estiveram reunidos para discutir medidas que minimizem os problemas provocados nas cidades devido ao transporte da produção, que começa a ser mais intenso no início de 2014. Como a maioria das obras está em andamento, as principais soluções imediatas deverão ser de gestão.
Análise do tráfego Com o intuito de acompanhar as obras do governo federal e verificar as condições de trafegabilidade das rodovias de interesse ao escoamento de grãos, surge o Movimento Pró-Logística. O Movimento, que reúne entidades do setor produtivo do Mato Grosso, avalia as obras e oferece ao governo um relatório que serve a uma fiscalização mais precisa po r parte da União. Todo o assunto relacionado à infraestrutura e logística é tratado por esse movimento em nome de todas as entidades, esclarece o diretor executivo, Edeon Ferreira. A forma de acompanhamento da evolução das obras se dá por meio dos estradeiros. Estradeiros são caravanas compostas por produtores, técnicos e entidades, que procuram avaliar a implantação e pavimentação das rodovias, bem como a qualidade da obra que está sendo executada, ressalta Edeon.
A convite do Movimento Pró-Logística, representantes do Mapa participaram entre os dias 18 e 21 de novembro do último estradeiro feito pela BR-163, obra acompanhada desde o início da pavimentação. Ao final do estradeiro, foi elaborado um relatório com fotografias e comentários e encaminhado ao Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (DNIT). Também foi realizado o Simpósio O Corredor BR-163 em Sinop.
Estas soluções logísticas reduzirão o percurso da produção gerada acima do paralelo 16º sul em até 700 km, ampliando significativamente, até 2020, o volume de grãos transportados pelos modais rodoviário, ferroviário e hidroviário. Isso indica um novo cenário para a competitividade da soja e milho destinados à exportação, dada a esperada redução do custo logístico da movimentação desses produtos desde as áreas de produção até um porto exportador, concluiu o secretário de Desenvolvimento Agropecuário de Cooperativismo do Mapa, Caio Rocha.