MEIO AMBIENTE - Sábado, 27/02/2021
Resiliência: "propriedade que alguns corpos apresentam de retornar à forma original após terem sido submetidos a uma deformação". É diante deste termo, que pesquisadores definem o flagrante de pesquisadores que mostram uma onça-pintada atravessando o rio Paraguai e se direcionando à Serra do Amolar, no Pantanal sul-mato-grossense.
"Após as queimadas que castigaram o Pantanal, estamos vendo animais voltando para casa. Ver essa onça atravessando o rio e seguindo para a Serra, mostra que o ambiente está sendo capaz de acolher novamente a fauna que ali habitava antes do fogo", de forma clara, explica a doutora em ecologia e conservação, Letícia Larcher.
Após este cenário de destruição, devastação e sofrimento à fauna e flora, novos indicativos são apresentados aos pesquisadores em conservação do bioma. De acordo com o diretor-presidente do IHP, coronel Ângelo Rabelo, o período entre janeiro e fevereiro demostram um alívio com a chegada das chuvas, momento que proporciona, pouco a pouco, o retorno de animais que estão no topo da cadeia alimentar ao Pantanal.
"Vendo a onça retornando ao ambiente, mostra que outros animais e vegetações estão presentes na Serra do Amolar, local fortemente atingido pelas queimadas em 2020. A onça por estar no topo da cadeia alimentar, demonstra que a fauna e a flora está se recompondo ao longo do tempo", ancorado no termo de "resiliência", o coronel Rabelo explica o processo atual.
Possíveis queimadas em 2021
Diante dos fatos, especialistas temem pelo pior cenário. A doutora em conservação, Letícia Larcher, explica que a meteorologia prevê uma concentração de chuva muito baixa para 2021. "Quando pensamos nas queimadas do Pantanal, entendemos que as mudanças climáticas são decisivas para agravar o efeito do fogo. O desmatamento na Amazônia e a degradação de nascentes na região do Cerrado são agravantes no caso de grandes queimadas".
A especialista afirma que se a população não agir à modo de evitar o fogo no bioma, o Pantanal pode sofrer com as queimadas em 2021: "O cenário pode ser muito pior do que o que vimos em 2020. Estamos desde agora com equipes trabalhando em pontos de atenção. Estamos alertando para que tudo que vimos e presenciamos não se repita. A Serra do Amolar é heterogenia, muito diversa, tem locais que ainda não se recuperaram das queimadas que aconteceram em 2020", alertou Letícia Larcher.
De antemão, a pesquisadora explicou que há manchas na Serra do Amolar, e que são locais que já estão em processo de reconstituição e outros que ainda estão "como se o fogo tivesse acabado de passar". Afirmativamente, a bióloga diz que o Pantanal está passando por uma recuperação, mas longe de ser integral.
Após o fogo, o processo se assemelha com a dinâmica de uma balança, onde o caminho é o equilíbrio entre as percas ocasionadas pelas queimadas e regeneração da fauna e da flora. A especialista diz que o Pantanal tem a capacidade de acolher espécies e elas já estão "voltando para casa".
De olho nas mudanças climáticas e no histórico de fogo, os especialistas trabalham intensivamente para combater as possíveis destruições ambientais. O Pantanal registrou 301 focos de calor somente nos primeiros 15 dias de fevereiro, de acordo com o IHP. Letícia Larcher afirma que neste momento, o recado deve ser único, como um mantra: "o alerta existe, devemos ficar atentos e agir ainda quando se pode prevenir".
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