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AGRONEGÓCIO - Segunda, 12/01/2015

Tecnologia do vinho espanhol está sendo aplicada em café colombiano

Felipe Gombossy/Café Editora

Antes, somente os países ocidentais consumiam café. Agora, o produto está se popularizando em todo o mundo

O processo produtivo do café é muito similar ao do vinho. Ambos requerem uma fase de armazenamento, fermentação e secagem. Porém, enquanto as adegas espanholas conseguiram assumir a tecnologia como uma aliada, os produtores de café colombianos ficaram presos ao passado. A companhia de Madrid, na Espanha, Supracafé, propôs, então, um ambicioso projeto: tecnificar o café desde sua origem. Para isso, lidera a criação do primeiro Parque Tecnológico de Café da Colômbia. 

A Supracafé sempre foi uma empresa torrefadora “atípica”. Há 28 anos, iniciou uma colaboração com produtores de café colombianos. Seleciona o grão na origem, importa o produto e o torra na Espanha para obter um produto “premium”. Durante esse tempo, a companhia detectou uma carência. A indústria tem vivido alheia à tecnologia, um privilégio que não se pode permitir diante de uma situação de competição econômica “gigantesca”.

“Antes, somente os países ocidentais consumiam café. Agora, o produto está se popularizando em todo o mundo”, disse o diretor geral da companhia, Ricardo Oteros. “O desenvolvimento tecnológico tem focado nos produtos industriais. No entanto, a pesquisa e desenvolvimento na origem tem sido praticamente mínima”.

A Supracafé, então, teve essa ideia. “Demo-nos conta de que o setor de café na Colômbia estava na mesma situação que o vinho na Espanha há 80 anos. É como se agora as vinícolas continuassem pisando nas uvas”, exemplifica Oteros. Porém, o certo é que são indústrias com processos muito similares. A Supracafé decidiu, então, criar um Parque Tecnológico do Café na Colômbia, que permitisse levar a pesquisa e desenvolvimento diretamente ao campo.

A empresa comprou fazendas de 1.800 metros de altitude onde atualmente já está construindo as instalações. “Não é tanto um centro de pesquisa, mas sim, de inovação aplicada”, disse o diretor. Seu grande foco de atenção é a agregação de valor em toda as fases de produção, desde a seleção e o controle até à maturação.

Porém, sem ajuda não poderia alcançar um objetivo tão ambicioso. A Supracafé primeiro se aliou com o Governo colombiano, que imediatamente aprovou o projeto, formando uma entidade público-privada para sua gestão. A empresa espanhola exerce, portanto, o papel de “trator” do projeto, que está aberto a “todos que queiram agregar valor ao café”. A grande vantagem, segundo Oteros, é que não se trata de um polígono industrial, já que se encontra no coração de um cafezal. 

Depois, a empresa buscou sócios para pesquisa, como a Universidade Politécnica de Madrid, com a qual já colaborava há um tempo. Juntos, trabalham no desenvolvimento de novos locais de fermentação. Também participam o Centro de Pesquisa Institucional (CINI), de Bogotá, com quem a empresa já criou mais de 200 novas variedades de café a nível agrícola, das quais 28 estão já em produção. Outras linhas de estudo são a valorização dos subprodutos da indústria, muito contaminantes, que normalmente acabam nos rios. “Sabemos que são ricos em antioxidantes e estamos pesquisando seu uso em alimentos funcionais e cosméticos”.

Outras empresas espanholas confiaram no projeto da Supracafé. A Miltiscan, por exemplo, está adaptando sua tecnologia de visão artificial e classificação de alimentos com o objetivo de que suas máquinas possam separar automaticamente as sementes de café. De outro lado, a Elecnor está contribuindo para assentar uma agricultura de precisão na região através de seus satélites agrícolas, além de colaborar com companhias locais. Com a firma colombiana, a Supracafé está projetando sensores que podem alertar sobre o “momento ótimo” para interromper a fermentação.

O Parque Tecnológico tem um enfoque “muito social”. A ideia da Supracafé é que o resultado de “muitas pesquisas” não tenha nenhum custo para os agricultores de Cauca. “Estamos buscando as variedades para a região e o desenvolvimento de técnicas que eles mesmos possam utilizar”. O compromisso da Supracafé é formar os produtores na maior parte possível dos avanços que estão sendo produzidos no centro. 

De fato, 1.500 locais já foram bases para o ensino. “O agricultor não é um cliente para nós, é um sócio. Estamos investindo em nossa base da cadeia para gerar riqueza nessa parte que tem sido sempre mais maltratada”.

A companhia já cumpriu a primeira etapa de seu plano estratégico. Esse ano começará a construir as instalações do parque. “Já levamos anos trabalhando na pesquisa. Agora, simplesmente estamos dotando de uma estrutura física”, disse Oteros.

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