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ECONOMIA - Terça, 13/04/2021

Wessel disputa fatia no mercado de carne vegetal

O The Good Food Institute (GFI) estima que já existam mais de 30 empresas no Brasil

Reprodução/Internet — Imagem ilustrativa

O hambúrguer, seja de proteína animal ou vegetal, virou uma grande tendência. No mercado, há análogos de nuggets

Família Wessel, referência em carnes, lança marca de alimentos plant based (Fotos: Wellington Nemeth)

Não só as foodtechs (startups de alimentação) estão contribuindo para o sucesso do mercado de carnes a base de plantas (plant based) no Brasil. Após o lançamento da Fazenda Futuro, em 2019, e da chegada posterior de marcas como The New Butchers e NotCo, é a vez das veteranas na produção de carnes de origem animal disputarem espaço nas gôndolas de proteínas vegetais.

O The Good Food Institute (GFI) estima que já existam mais de 30 empresas no Brasil, entre as que têm distribuição regional, produzindo carnes 'de plantas'. Além de grandes frigoríficos como a JBS (Incrível Seara), BRF (Veg & Tal Sadia) e Marfrig (Revolution), companhias menores, mas com tradição, já conquistaram o apetite de consumidores e investidores.

Esse é o caso da Wessel, que aproveitou a expertise de 60 anos no mercado de carnes para lançar, no final do ano passado, a Meta Foods, voltada para a produção de alimentos plant based. De janeiro de 2021, quando de fato entrou nas grandes redes varejistas, até o mês passado, o faturamento da nova marca triplicou com as vendas de dois sabores de hambúrgueres feitos com ingredientes 100% vegetais.

“O hambúrguer, seja de proteína animal ou vegetal, virou uma grande tendência. No mercado, há análogos de nuggets, carne moída, bacalhau, mas ele ainda é o que mais vende. Lancei a versão premium sem conservantes há 26 anos e foi um sucesso. Baseado nessa experiência, aprendemos que textura, sabor, suculência e formato são fundamentais para o consumidor. Pensei: é isso que vamos fazer, mas sem carne”, conta István Wessel, fundador da Wessel e da Meta Foods.

A proposta inicial partiu de sua filha, Titi Wessel, que, embora seja a quinta geração de açougueiros apaixonados por carnes, não provocou surpresa. “A família sempre teve uma atitude inovadora na criação de novas categorias e produtos, então, foi muito natural”, conta ela, que também é responsável por desenvolver as receitas plant based com temperos naturais, sem aromatizantes e conservantes.

Para entrar no mercado, a empresa recebeu aporte (valor não revelado) do fundo Bela Vista e construiu uma nova fábrica independente, de cerca de 1.000 metros quadrados, no mesmo terreno da Wessel, em Araçariguama (SP). O investimento foi de R$ 10 milhões.

Com a alta das vendas vindas principalmente dos supermercados, a produção também aumentou de novembro para março, de 4 para 15 toneladas. A previsão é de aproximadamente 25 toneladas para o próximo mês.

Segundo István, a empresa está investindo em equipamentos rápidos e melhores para tornar a fábrica mais produtiva. “Esperamos crescer mais ao longo do ano com o lançamento de novos produtos, como o nuggets e a carne moída, abertura de novos canais no mercado interno e exportação para o Oriente Médio", acrescenta Titi Wessel.

Hambúrguer vegano de soja
Carnívoro nato, o consultor e treinador esportivo Thiago Araújo, 37, frequentemente substitui as proteínas de origem animal pelas vegetais por questões de saúde, interesse por novas experiências gastronômicas e variação de paladar. “Mas sou fã de carne, não pretendo parar de comer nunca”, exclama ele, que compra as proteínas no supermercado.

Thiago se encaixa na categoria de consumidores chamados flexitarianos, pessoas que não deixam de consumir carne, mas querem outras opções. São eles o público-alvo da Meta Foods, segundo pesquisa de opinião feita pela própria empresa, que também identificou a soja como o ingrediente preferido entre os consumidores, por ter garantido melhor textura ao hambúrguer.

Não por acaso, a leguminosa foi a escolhida para a base de todos os produtos da empresa, diferentemente de outras marcas, como a The New Buchters que investe na ervilha. “Antigamente, a soja tinha um gosto ruim. Com o avanço da produção de proteínas isoladas e texturizadas, o alimento puro, hoje, não tem sabor e se assemelha aos ‘corn flakes’ (flocos de milho). É uma evolução”, explica István.

Ele ainda faz questão de afirmar que não tem intenção de imitar o aroma da carne nos alimentos a base de plantas. Ao contrário de muitas startups de proteína vegetal que têm como trunfo a semelhança com os produtos de origem animal, segundo o fundador da Wessel, a Meta Foods vem para criar uma nova opção de hambúrguer.

“Optamos por desenvolver algo que tivesse sabor, suculência e textura, características que fazem o cliente se tornar fiel ou não. Se fizer um sanduíche, talvez nem consiga diferenciar. Mas não é porque ele tem aroma de carne e, sim, devido ao conjunto da mordida, que é gostosa. Trabalhamos muito nisso”, destaca.

Atualmente, há dois sabores disponíveis no mercado em embalagens 100% recicláveis. São eles: páprica, tomate e alecrim; e cebola tostada e ervas. “Antes de ser uma marca de carnes, somos uma empresa que tem experiência em alimentos gostosos."

Carnes vegetais em expansão
De acordo com Alberto Gonçalves Neto, especialista do mercado plant based e sócio da AGN Consultoria e Negócios, o Brasil tem avançado cada vez mais na produção de carnes vegetais, seja em tecnologias para o beneficiamento de ingredientes, inovação por meio do surgimento de novos fontes proteicas vegetais brasileiras, como feijão, ou variedade de alimentos análogos, por exemplo, bacalhau, linguiça e nuggets.

“Estamos falando de um mercado recente, mas que está em evolução constante. Até 2023, o preço do hambúrguer plant based já vai ser similar ao de origem animal. A pandemia acelerou esse movimento, visto que as pessoas estão mais preocupadas com a saúde e exigindo mudança. As indústrias estão buscando atender os consumidores e quem ficar para trás vai perder espaço”, salienta o especialista.

Foi o que a família Wessel observou. Em pouco mais de quatro meses, a Meta Foods representa cerca de 4% da companhia. Atento aos concorrentes, István acredita que não há espaço para todos, da mesma forma como ocorre em outros segmentos. "Estamos no mercado de carnes há mais de 60 anos. Já apareceram diversas empresas e, no fim, quem manda é o consumidor. Coloquei ‘by Wessel’ no rótulo da embalagem para indicar que quem está por trás do produto não está brincando de fazer hambúrguer, é gente que entende do negócio."

Na opinião de Alberto, esse ainda é um setor muito novo. "Há espaço para diferentes players, mas, no decorrer do tempo, vai se entender que quem tem mais inovação, criatividade e fôlego financeiro é que conseguirá se manter e crescer no mercado", conclui o especialista.


Com informações do Estadão
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